Entre Pessoas, Praias e a Cultura Neozelandesa
Depois de quase duas semanas sem pedalar, saímos de Auckland com destino à Península de Coromandel, o primeiro dia de pedal não foi muito fácil, pois foram eternos 60km de muito sobe e desce, entre essas subidas havia uma que se chamava: subida da cobra! Estávamos um pouco “enferrujados” devido aos dias de descanso e por isso o primeiro dia foi de readaptação. Chegamos no final de tarde na reserva de Tapapakanga, uma praia linda e de cor esverdeada, pudemos acampar por lá e dormir ouvindo o barulho do mar.
O dia seguinte começou cedo, pedalamos por mais 60km até a cidade de Thames, que fica no começo da Península de Coromandel, no meio do caminho tivemos a oportunidade de encontrar um casal que nos ajudou muito na nossa estadia em Wanaka, Jacub e Dasha, são da Republica Tcheca e também estão viajando de bicicleta pela Ilha Norte, sem combinar, nos encontramos na estrada e pudemos trocar algumas figurinhas e compartilhar das nossas experiências. O pedal até Thames foi cansativo e com o vento contra, chegando lá, fomos recebidos na casa de um casal super astral pelo Warmshowers, Maria e Geoff, que nos receberam com um jantar vegano de uma forma extremamente carinhosa.
Ficamos hospedados com eles por uma noite e no dia seguinte, Maria e Geoff estavam comemorando 27 anos de aniversário de casamento e no mesmo dia iria acontecer a Steam Punk Parade, um evento onde reúne pessoas de toda a cidade, para um desfile na rua principal com roupas customizadas, fomos convidados pelos nossos anfitriões para assistir ao desfile, foi muito divertido e nesse meio tempo podemos esperar por nossos amigos, Luke e Rachel que estavam à caminho de Thames para nos encontrar e seguirmos para uma Road Trip na região de Coromandel.
Colocamos as bicicletas no rack no carro e seguimos viagem até a cidade de Coromandel, passamos o dia caminhando por algumas das praias da região e encontramos um lugar onde foi possível ver muitas de ostras, só nos faltou uma faca e um baldinho para a caça de um ótimo jantar! Rs
Quando se fala de Coromandel, uma das principais atrações que vem na mente é a Cathedral Cove. E no dia seguinte fizemos a caminhada até lá, é uma pequena trilha de 40 minutos até a praia. Por ser um destino muito procurado pelos turistas, o local é cheio de gente, e além disso lá foi um dos sets de filmagem do filme Narnia e famoso por ser cenário de casamentos milionários.
Depois de um fim de semana ao lado de nossos amigos, retornamos o nosso pedal em direção à Whangamata, nesse percurso conhecemos um senhor Inglês chamado Graham, que também estava viajando de bicicleta. A nossa chegada em Whangamata foi relativamente cedo, por isso seguimos em direção à praia, uma cidadezinha de praia linda com muitas casas de verão. Ficamos admirando aquele mar verde e calmo, neste mesmo momento nos despedimos de Graham o nosso companheiro de viagem, que foi à procura de um camping e nós não havíamos decidido ainda se íamos seguir viagem ou procurar algum lugar para ficar na cidade. A paz e tranquilidade tomava conta de nós, e por isso nos impedia de pensar o que fazer naquele momento, ficamos apenas observando o mar por mais ou menos uma hora. Foi quando a fome bateu e decidimos procurar algum lugar para fazer um lanche, no momento em que estávamos saindo da praia, fomos abordados por um senhor dizendo: Vocês já tem um local para passar esta noite! Olhamos um para o outro sem entender nada e vimos o Graham, saindo do mesmo carro que este senhor. Graham também foi abordado por este senhor, que se chama Reg, enquanto estava à procura do camping. Ele havia contou ao Reg, que tinha pedalado conosco até Whangamata e por isso também fomos convidados a passar aquela noite na casa dele.
Reg é um senhor de 69 anos, já viajou de bicicleta nos Estados Unidos e tem muita experiência nas estradas da Nova Zelândia, ele também participa da comunidade do Warmshowers, mas naquele momento estava indisponível, pois não é sempre que ele está disponível para receber os cicloviajantes. Ele sai pelas ruas, procurando a galera que viaja de bicicleta e os convida para ficar na casa dele. Pudemos compartilhar de um dia incrível, onde ele nos levou para fazer uma caminhada até uma linda cachoeira e para fechar aquele dia, preparamos um jantar em forma de agradecimento, pelo amor e carinho.
Tivemos a feliz oportunidade de pedalarmos por um trecho na companhia de Reg e Graham, naquele dia. Uma subida bem sofrida nos acompanhou na parte da manhã, na parte da tarde tivemos que enfrentar uma das estradas mais movimentadas daquele trecho, e por sorte havia um acostamento, que era consideravelmente grande, dentro dos padrões das estradas da Nova Zelândia.
Apesar do grande movimento de carros e caminhões, fizemos um pedal bem tranquilo até a pequena cidade de Kati Kati. Durante o pedal tiramos a sorte grande, pois pudemos encontrar um abacateiro e um pé de laranja. Os abacates não estavam maduro, mas as laranjas foram as mais doces de nossas vidas. Mesmo assim colocamos 3 abacates no alforge, considerando que abacate é uma fruta cara por aqui, fizemos um bom negócio, mesmo tendo que esperar três semanas até eles amadurecerem! Risos.
É difícil para nós transmitir em palavras todo o amor e carinho que recebemos até aqui, e as vezes parece um pouco clichê ou até mesmo que estamos exagerando, mas tentamos de todas as formas agradecer e retribuir essa linda forma de amor, que essa troca que o Warmshowers nos proporciona.. Em Kati Kati não foi diferente, fomos hospedado por duas noites, pelo Ian e Diane, eles nos receberam de braços abertos, nos levaram para a linda praia de Waihi e no segundo dia tivemos a incrível experiência de fazer um pedal com um grupo de amigo deles.
Após duas noites em Kati Kati, seguimos para a famosa cidade de Tauranga, onde ficamos por 3 noites, pois tínhamos algumas pendências burocráticas para resolver. Infelizmente devido à essas pendências, não tivemos muita oportunidade de conhecer a cidade. Tauranga é uma cidade relativamente grande, e tem o maior zona portuária da Nova Zelândia. Durante esses dias tivemos a oportunidade de conhecer o famoso Monte Maunganui, que é um subúrbio de Tauranga, uma região charmosa de praia e muito surfe. Fizemos também a caminhada até o topo do monte, onde foi possível ver a imensidão de um mar de água verde cristalina.
Finalizamos as nossas pendências em Tauranga e seguimos pedal até Rotorua, o que nos levaria dois dias para chegar. A saída de Tauranga não foi muito fácil, pois foram longos 35km de uma subida interminável, acampamos em um lindo parque e no dia seguimos pedal até a linda Rotorua.
Rotorua é um destino muito procurado, devido as atividades geotermais e a forte cultura Maori, que predomina nessa região. Tivemos a oportunidade de ficarmos lá por 3 noites. Uma das coisas incríveis de viajar de bicicleta, é sem dúvida, ter uma maior percepção de todos os sentidos, e em Rotorua não foi diferente, a primeira percepção foi o forte cheiro de enxofre e muita fumaça saindo do chão.
Logo na entrada da cidade, havia um lindo parque de atividades geotermais, lagos de água borbulhantes, um cenário surreal, ficamos literalmente de boca aberta, pois nunca havíamos presenciado tamanha beleza natural. Em Rotorua existe também 3 grandes Vilas Maoris, onde é possível aprender e ver um pouco, sobre essa linda cultura. E nós tivemos a oportunidade de visitar uma dessas vilas, passamos uma tarde inteira lá, pudemos ver desde como eles vivem até a apresentação do famoso Haka. No nosso último dia em Rotorua, ficamos de perna pra cima, curtindo uma das milhões piscinas geotermais que tem na cidade.
Em Rotorua pudemos ver uma Nova Zelandia de outra perspectiva, uma cidade completamente diferente de todas que já havíamos passado. Acredito que por conta das atividades naturais e por ser onde pudemos ver de fato, o que é a cultura Maori. Falar sobre cultura, emociona muito, isso é o de mais valioso que temos na nossa história, é o que vamos carregar conosco para o resto de nossas vidas. Por isso Rotorua foi de longe o melhor lugar que passamos na Ilha Norte até agora.